Don Juan moderno [pág 13,14] Capítulo 2 - O despertar do urso
Em forma humana sentia-se cansado mais
rápido do que quando é animal, logo após treinar arco e flecha, foi à beira do
rio, tomou um banho dentro daquela água azul cristalina e em seu corpo vinha o
frescor do vento frio que soprava. Ao sair da água veio um frio enorme,
caminhando até a cabana trocou-se com roupas limpas. Deitou no chão daquela
cabana e sua mente começou a vagar por muitas épocas, lugares onde visitou na
Rússia e as lembranças de seus dias ali tomavam conta de todas as suas emoções
e o geravam uma nostalgia que o deixava melancólico.
A
imagem dela veio e sentia uma agonia e uma vontade de vê-la em sua forma
humana, ter contato com ela, aproximar-se e....e ele sabia que não passaria de
um abraço e um beijo no rosto, não por sua causa, devido a ela o enxergar como um
simples amigo, não que isso fosse errado, gostava de suas conversas, passeios e
tal mas não gostaria de passar a vida desse jeito. Já tentou diversas vezes
aproximar-se e falar ao seu ouvido o quanto lhe gostava e queria avançar a mais
que isso. Não sentia-se pronto a revelar-se, queria ser bem mais que amigo. Ali
deitado naquela cabana e com os pensamentos nela, a razão de querer salvar-se
dali e ajudá-la a encontrar a saída para os dois se livrarem do encantamento e
desse lugar.
Sentia-se envolvido por
ela, não queria conta-la, sentia seu coração pulsar saltitante, um desejo
oculto e muitas vistas do rosto dela enquanto se distraía. Guardava em sua
memória a imagem dela do inverno passado. Uma mulher encantadora que seduz sem
ao menos um esforço, se deslumbrava com a beleza dela que o fazia extasiar.
O jeito como ela
caminhava, o seu rebolar e os seus cabelos pretos e sua pele negra que refletia
com a luz do dia o fascinava, sua delicadeza e leveza em toda a sua fantasia,
não imaginava encontrar uma mulher assim. Se fosse bom com as palavras a
recitaria mil poesias, se soubesse cantar a cantaria uma música, O que sabia
fazer era contemplá-la.
No norte da floresta
era o lugar perfeito para aproximar-se mais dela, maior espaço para os dois, e
não estaria o caçador para ficar entre eles. Tudo o que ele queria era uma
chance, uma única chance de mostra-la que podia ser mais que amigo e fazer por
ela o que não fizeram. Libélula ou simplesmente Li para ele, era assim que
carinhosamente Alexey ou somente Alex para ela a chamava. Não queria que fosse do caçador ou de
qualquer outro na floresta que não fosse ele. Seja em forma de inseto ou humana, de todo jeito a
queria, nem que fosse para ser apenas o seu guardião.
Alexey despertou-se desses
pensamentos, levantou-se, fechou a porta da cabana, e caminhava pela floresta
na zona norte para encontrar a libélula e a guardar. Queria guardá-la, poderia
ser em seus bolsos, em sua mão, em sua cabana e o onde mais desejava era em sua
vida. Sentira-se um tolo, um desorientado quanto aos assuntos do coração, não
possuíra aquela naturalidade da sedução como o Don...Aliás, o Don sempre fora
um empecilho em sua vida, desde muito antes de chegarem aquela floresta, uma
implicância, competição, briga de machos ou seja lá o nome correto para o que
os dois tinham, aquilo vinha de muitos e muitos anos atrás.
Alexey e Don eram inimigos em todos os
lugares daquela cidade, eles não suportavam um ao outro. Não queriam se cruzar
em nenhuma parte, os planos de Alexey era mudar-se de São Petersburgo e isso
aconteceu, porém acabou indo de encontro aos planos do Don que era de Moscou e
voltou para aquela cidade no mesmo ano em que Alexey mudou-se para lá. O
estopim era que eles amavam sempre as mesmas mulheres, a primeira namoradinha
de Alexey quando era adolescente chamava-se Ada, ela terminou com ele após
começar a sair com o Don e passado uns dois meses que isso acontecera decidiu
que não o amava mais, Alexey ficou arrasado, deprimido e sem vontade de viver,
na mentalidade dele era para eles ficarem juntos para sempre, na maioria das
vezes o Don ganhava as mulheres dele enquanto ele acabava sempre como amigo
delas e dentro de Alexey começou a nutrir uma raiva do Don desde esse episódio.
Disputavam e implicavam-se, se um comprava algo o outro teria que lutar até
conseguir comprar algo melhor.
Teve um ano em que eles eram ainda
muito jovens começaram a praticar o mesmo desporte, o taekwondo, e na mesma
academia. O Don sentiu-se irritado por ver que o Alexey iria praticar o esporte
na mesma turma dele, então decidiu mudar de horário, segundo ele não iria
suportar olhar na cara de Alex (apelido de Alexey), mais do que três horas no
mesmo dia.
O taekwondo é uma arte marcial que
utiliza mãos, braços e pés para exterminar o seu inimigo, não como outras
modalidades que usa ferramentas, no TKD (como é chamado o desporte) não
necessita-se de armas e sim de técnicas que ajudam a superar seus maiores medos
internos e solucionar os seus problemas. “No tatame”, era assim que o Don
falava para o Alex quando estava injuriado com alguma provocação ou queria
resolver alguma questão entre eles. No tatame era onde eles depositavam toda a
raiva, todo sentimento de revolta, o lugar para resolver os monstros internos e
o onde desejavam ultrapassar seus limites humanos. Quando
estavam com ódio, raiva, angustia ou muito contentes era na academia que se
encontravam. Alex ganhava algumas vezes porém o Don ganhava sempre. Ele era
obstinado e quando queria algo corria atrás até obter. O Alex era tranquilo e
determinado, porém, tinha ideia das suas limitações por mais que quisesse
superá-las.
No dia em
que o Alex estava lutando com um inimigo, um homem robusto e beirando aos cem
quilos, acabou sendo atingido por um golpe fatal na cintura. O homem era um
rival desde a escola. Derrubou-o no chão após o atingir em sua pele na região
da cintura, sentiu-se zonzo, suas vistas enfraquecidas, fraco foi esmorecendo
pouco a pouco. O Don estava lá assistindo aquela luta, foi perto do ringue e
falou para ele “Existe em cada um de nós
um mundo interno que só tem acesso quem permitimos, ninguém poderá te resumir
em adjetivos, você não é o que dizem ou os seus talentos, você é um mundo
interno coberto de sonhos e desejos que te fazem prosseguir a cada dia.” Alex
nunca em toda a vida dele entendeu aquela atitude, não esperava que fosse lhe
dizer nada, ainda mais naquela situação em que ele se encontrava: no chão,
ferido e perdendo uma luta. Era para o Don está sorrindo, aplaudindo de pé a
sua derrubada, estava ali o dando forças e dizendo o quando Alex consegue
superar tudo isso. Na cabeça de Alex o mundo não estava mais normal. Tentou
falar com o Don diversas vezes sobre essa atitude, sem respostas não entendia
por que ele poderia ter o ajudado. Alex teve muita desconfiança disso, e
continuou treinando após isso, sabia que tinha vindo para os seus talentos e
queria explorá-los.
Leia também uma Página bônus desta história.
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