Eu me basto

Não existem meios começos ou meios fins, se por algum momento eu estive insegura, não me lembro mais. Eu reparei pela janela que eu não era o que você queria. Eu tinha todas as características para atrair um outro alguém. Por todo o seu jeito verossímil eu poderia acreditar na gente.
Deixo-te fazer o que bem entender, entre as frias carnas e os corpos nus deleita-te do que quiseres, vivas a intensidade da tua objeção. Intenta-te ser o que julgares melhor, só não deixa-te levar pela imensidão dos meus pensamentos, pelos detalhes comuns da minha beleza que te põe em fraqueza. Fazes tua escolha, ande pelo seu caminho e derrape suas mãos por outra pele que não é a minha, toque em outros lábios que não são os meus e sinta outro gosto, esse gosto não é o meu. Olhe para ela, não sou eu. Você sabe que é triste não me ter. Não tocar na minha pele e nos meus cabelos.
O meu olhar você não encontrará em uma tela de TV, os meus assuntos te fazem não me esquecer e o meu interior é o grande almanaque encoberto pelos dias que vivi antes de te conhecer. Os meus cabelos cacheados esculpem a natureza de uma geração marcada pela força e resistência, o desenhar do meu corpo remete a uma fragilidade que fascina pela delicadeza da composição.
Sou sua amiga, sou o que você não procurou mas encontrou. O mistério na pupila do meu olhar é o segredo que resplandece o quadro que não foi descoberto pelo grande público: misterioso, enigmático e silencioso. A frieza do meu temperamento emudece a sua voz e emana uma nova chegada. Eu me basto porque me entendo, me completo e me compreendo. Sou a minha própria sombra e fotografia, amanheço em minhas próprias esperanças.

Nenhum comentário:

Tecnologia do Blogger.