kaira
"Mãe, o menino é um prodígio, ele possui um QI elevado, não temos dúvida disso. Ele atingiu 170 pontos, estamos falando de superdotação mãe. O seu filho tem um grande potencial para ser um gênio que irá desenvolver algo benéfico para a sociedade. Fique de olho nos gostos dele e em tudo o que ele demonstrar interesse."
- Doutor, o meu filho só tem nove anos de idade, ele é um menino que tem dificuldades para aprender, o mais normal seria você me dizer que ele é disléxico ou autista, agora você vem me dizer que o meu filho é um prodígio? É algum tipo de zombamento com a minha cara e a do meu esposo. Que tipo de psicólogo é você?
- Senhora, eu fiz todos os testes com o seu filho, a equipe para a qual eu o encaminhei fez mais uma bateria de exames e testes com ele, não existe brincadeira nisso, eu faço um trabalho sério.
- Eu vou avisar para o meu esposo que está nos aguardando na sala de espera. Eu não acredito que economizamos meses para poder pagar um psicólogo caro para descobrir qual é o tipo de doença mental que o meu filho tem e tudo o que eu recebo é esse desdém com a minha cara.
- Mãe, talvez a senhora não tenha ouvido falar sobre pessoas que nascem com uma tendência a genialidade, eu vejo que você é humilde e talvez não conheça esse tipo de informação. Se puder pesquisar na internet ou perguntar para outras pessoas saberá que casos como o do seu filho já existiram desde décadas atrás. O Einstein, Van Gogh e Walt Disney eram gênios e que também tinham dislexia ou dificuldade de aprendizagem se quiser chamar assim.
- Doutor, muito obrigada pela sua atenção. Não concordo com o que disse. Eu sou mãe, eu vejo o quanto é difícil para o meu filho forma palavras, escrever letras e fazer relação entre uma palavra e outra, todos os dias eu ou o meu esposo tiramos um tempo para tentar ajudá-lo, não temos quase nada de resposta favorável, o que eu acredito é na prática daquilo que eu vivo todos os dias na minha casa. Tchau.
- Senhora, quando o seu filho desenvolver algo nunca se esqueça de tudo aquilo que lhe disse.
- hahahahaha psicólogo louco. Eu acho que você precisa de um psicólogo mais do que o meu filho.
- Diana, o que o doutor disse do nosso filho?? Por que está apreensiva?
- Paulo, eu acho que perdemos nossas economias para nada. O doutor cismou que o nosso menino é superdotado. Eu acho isso uma brincadeira com a nossa cara, só porque a gente é do interior, viemos de zona rural que essas pessoas querem nos enrolar.
- Ah Diana! Não me diz uma coisa dessas mulher. A gente deveria ter levado esse menino para São Paulo que são cerca de 62,3 km apenas, eu bem que tentei te convencer mas você é muito cabeça dura e insistiu para que cuidássemos do menino aqui mesmo em Mogi das Cruzes. É sua culpa mulher.
- "Agora a culpa é minha". Você que ficou com pena de pagar a passagem querendo fazer uma economia de menos de cinquenta reais.
- Esse doutor está ficando é doido, se esse menino é prodígio a gente deve ser marcianos, extraterrestres. Menino que não aprende nada que a gente ensina, só quer saber de ficar o dia todo mexendo com as plantas feito um débil mental, o caderno dele está cheio de reclamação dos professores. "O menino não se comunica, não sabe escrever ainda, não entende nada que a gente ensina, está mais atrasados que os seus colegas."
- Mãe, o que o homem disse de mim?
- Disse que o meu filho está doente e logo vai se curar? Sua doença está na cabeça.
- Mãe, isso significa que vou morrer?
- Claro que não filho, você só vai precisar de ajuda para se curar.
- Depois que eu me curar vou poder ajudar o papai a podar as plantas?
- Vai sim. Agora fique quieto que já me fez muitas perguntas.
- Paulo, vamos para a casa. Vamos ver se encontramos algum outro especialista que talvez possa nos ajudar. A minha amiga Eudora entregou-me um cartão de um doutor, ela me disse que era um neurocientista bastante conhecido lá em São Paulo.
- A sua ideia é ótima mulher, só me conte com que dinheiro que vamos levar esse menino em outro médico lá em São Paulo?
- Calma homem! Podemos fazer isso daqui a alguns meses quando tivermos dinheiro suficiente para pagarmos a consulta.
"O menino apresenta sim dificuldades em aprendizagem em linguagens e humanas, apesar disso não devemos enxergá-lo por um único viés. Nos exames que fizemos ele apresenta um grau elevado para conhecimentos na área de exatas e ciências. Ao mesmo tempo em que ele tem muita dificuldade com as humanas, como ler, escrever e se expressar. Apresenta muita desenvoltura e habilidade acima da média em ciências e exatas, consegue fazer com facilidade complexas associações de números e distinguir elementos químicos raros dentre outros de nível de dificuldade elevado."
.- O que devemos fazer doutor?
Eu disse ao neurocientista, muito desconfiada e incrédula que o meu filho fosse uma criança que conhecesse tanto, talvez por eu ser de origem muito humilde e não ter estudado muito, venho de uma família muito pobre e mesmo com quarenta e poucos anos eu ainda não me via preparada para orientar o meu filho com as tantas dificuldades que ele apresentava. Meu esposo, o Paulo, era um homem simples também, trabalhava muito como jardineiro, enquanto eu cuidava do Benício e de casa. O doutor olhou para mim, um pouco incerto e disse:
- Eu aconselho a você e o seu esposo a procurarem um psicopedagogo para orientá-los com atividades para que possam estar desenvolvendo com o garoto para ele ir se avançando nessas áreas de maiores dificuldades aos poucos. É muito bom que vocês estejam procurando ajuda para o menino ainda na infância dele.
- Onde eu encontro essa pessoa que o senhor falou?
- Em Mogi das Cruzes deve ter alguma clínica especializada ou até mesmo na escola onde ele estuda deve ter algum trabalho nessa área.
- Tudo bem, doutor.
- Qualquer dúvida ou questionamento você pode ligar aqui para a clínica que irei as sanando.
Após eu voltar para Mogi das Cruzes juntamente com o meu filho, eu fui para a minha casa e contei tudo para o meu esposo. Depois de alguns meses começamos um trabalho com um psicopedagogo que vinha até a nossa casa uma vez na semana para acompanhar o Benício com algumas atividades.
- Benício, o que você mais gosta de fazer?
- Cuidar das plantas.
- Por que você gosta de fazer isso?
- Porque as plantas são muito bonitas, são verdes e elas possui um remédio que cura toda dor.
- Que remédio é esse?
- Eu não sei. Eu só sei que quando eu estou com dor o meu pai vai lá na horta e pega algumas plantas, faz um chá e eu fico bom.
- Qual é a disciplina que você mais gosta?
- Ciências
- O que você quer ser quando crescer?
- Botânico
- Nossa, que legal, onde você ouviu falar em Botânica?
- Na televisão. Eu assisti que tem homens que vive mexendo com as plantas. Eu quero ser um desses.
- Eu acredito que será. Você gosta de mim? Gosta dos momentos que passamos aprendendo?
- Eu gosto, você parece meu tio, só que você tem cabelo.
- Você me faz ri garoto. Eu sou o seu psicopedagogo, eu venho aqui te ajudar com as suas atividades e faço novas atividades com você. Quando você foi um botânico, você saberá se desenvolver e falar muito bem, além de cuidar das plantas.
- Eu gosto muito da sua visita.
Assim correu nos próximos dez anos seguintes, a gente sempre gastou boa parte do dinheiro que economizávamos para cuidar dele. Até que com dezenove anos o Benício estava cursando a faculdade de botânica. Não parecia em nada com o meu filho de nove anos, ele agora participava de estudos para a descoberta de novas plantas e pretendia se especializar em fitoterapia.
Um dia na Universidade ele conheceu uma moça que o chamou muita atenção, era uma moça desinibida, risonha, muito faceta, ela estudava geografia, se inscreveu para participar de um curso de extensão que era o mesmo que Benício.
- Qual é o seu nome moça?
- Kaira
- Que nome diferente, muito bonito como a dona.
- Sim. Esse era o nome da minha bisavó, meus pais quiseram fazer uma homenagem e tal.
- Gostei da explicação, será uma ótima professora. Você deve estudar licenciatura, eu tenho te observado e você me parece uma pessoa carismática e que gosta de conversar.
- Olha só, temos no Campus um James Bond. O que desejas James? O que descobristes sobre mim?
- Nada demais, apenas que é uma estudante de Geografia. Agora sei que será minha colega no curso de fitoterapia e será minha futura namorada.
- Nossa, pelo visto não sou eu desenvolta, você é muito astuto.
- Se tiver namorado desconsidere a minha oferta, se for solteira analise até mesmo os mais fundos detalhes.
- Obrigada por me fazer soltar um sorriso brejeiro. Para a sua informação eu era solteira até agora. Agora estou em um relacionamento sério contigo.
Assim começou a história do meu filho e minha nora, eles combinavam nas travessuras, risos e na paixão pelas plantas. Quando terminaram os cursos, especializaram-se em fitoterapia e após alguns o Benício descobriu uma planta que veio a ser a cura para um tipo raro de doença, batizou a planta por nome de Kaira em homenagem a ela. Foi premiado e reconhecido por suas contribuições na área de botânica.
Um dia encontrávamos muito contentes pela premiação do Benício, seu nome havia entrado para o livro dos recordes como o mais jovem botânico do mundo a descobrir mais de seiscentas espécies de plantas medicinais. Fomos para a nossa casa, eu e o Paulo estávamos sentados na cadeira de balanço um do lado do outro em nossa área. O Benício e a esposa estavam dentro de casa conversando e comendo os doces que eu havia feito para os receber.
Eu e o Paulo conversávamos sobre o filho que criamos e educamos, ficamos muito emocionados pela premiação dele naquele dia, pegamos na mão um do outro enquanto lembrávamos de tudo o que passamos e enfrentamos para que ele passasse por todas as dificuldades. Até o nossos nossos corações pararam. O meu foi primeiro, eu vi a minha vida indo-se com um sopro, como se nunca tivesse existido, e nada podia fazer apenas ir. O dele parou em seguida, ao me ver indo não aguentou tanta emoção, ele foi depressa, sem ao menos pensar em como seria ter ficado sem mim, e por um misero segundo ficou sem mim mas logo também foi, e como foi.
O nosso filho, o Benício de Carvalho fez o nosso enterro, já possuíra todos os atributos para continuar vencendo sem nós, sabia que nós o amamos com todo o amor do mundo, agora deveria retribuir esse amor ajudando a salvar o mundo, mesmo que não pode nos salvar. Ninguém podia nos salvar, era a nossa hora de partir.
"A genialidade parece estar ligada a loucura. Um gênio antes de ser considerado um gênio, passa como louco. Aos meus pais, que antes de me reconhecerem como um gênio, me reconheceram como um louco, mesmo no ápice da minha loucura não me trataram como tal. Ajudaram-me a superar essa vida sem receberem nada em troca. Eu sei que jamais amarei alguém como eu os amei, só não terei como retribuir esse amor, infelizmente o amor ficou e eles foram.
Aos meus mestres pais... Adeus
- Benício de Carvalho"
- Doutor, o meu filho só tem nove anos de idade, ele é um menino que tem dificuldades para aprender, o mais normal seria você me dizer que ele é disléxico ou autista, agora você vem me dizer que o meu filho é um prodígio? É algum tipo de zombamento com a minha cara e a do meu esposo. Que tipo de psicólogo é você?
- Senhora, eu fiz todos os testes com o seu filho, a equipe para a qual eu o encaminhei fez mais uma bateria de exames e testes com ele, não existe brincadeira nisso, eu faço um trabalho sério.
- Eu vou avisar para o meu esposo que está nos aguardando na sala de espera. Eu não acredito que economizamos meses para poder pagar um psicólogo caro para descobrir qual é o tipo de doença mental que o meu filho tem e tudo o que eu recebo é esse desdém com a minha cara.
- Mãe, talvez a senhora não tenha ouvido falar sobre pessoas que nascem com uma tendência a genialidade, eu vejo que você é humilde e talvez não conheça esse tipo de informação. Se puder pesquisar na internet ou perguntar para outras pessoas saberá que casos como o do seu filho já existiram desde décadas atrás. O Einstein, Van Gogh e Walt Disney eram gênios e que também tinham dislexia ou dificuldade de aprendizagem se quiser chamar assim.
- Doutor, muito obrigada pela sua atenção. Não concordo com o que disse. Eu sou mãe, eu vejo o quanto é difícil para o meu filho forma palavras, escrever letras e fazer relação entre uma palavra e outra, todos os dias eu ou o meu esposo tiramos um tempo para tentar ajudá-lo, não temos quase nada de resposta favorável, o que eu acredito é na prática daquilo que eu vivo todos os dias na minha casa. Tchau.
- Senhora, quando o seu filho desenvolver algo nunca se esqueça de tudo aquilo que lhe disse.
- hahahahaha psicólogo louco. Eu acho que você precisa de um psicólogo mais do que o meu filho.
- Diana, o que o doutor disse do nosso filho?? Por que está apreensiva?
- Paulo, eu acho que perdemos nossas economias para nada. O doutor cismou que o nosso menino é superdotado. Eu acho isso uma brincadeira com a nossa cara, só porque a gente é do interior, viemos de zona rural que essas pessoas querem nos enrolar.
- Ah Diana! Não me diz uma coisa dessas mulher. A gente deveria ter levado esse menino para São Paulo que são cerca de 62,3 km apenas, eu bem que tentei te convencer mas você é muito cabeça dura e insistiu para que cuidássemos do menino aqui mesmo em Mogi das Cruzes. É sua culpa mulher.
- "Agora a culpa é minha". Você que ficou com pena de pagar a passagem querendo fazer uma economia de menos de cinquenta reais.
- Esse doutor está ficando é doido, se esse menino é prodígio a gente deve ser marcianos, extraterrestres. Menino que não aprende nada que a gente ensina, só quer saber de ficar o dia todo mexendo com as plantas feito um débil mental, o caderno dele está cheio de reclamação dos professores. "O menino não se comunica, não sabe escrever ainda, não entende nada que a gente ensina, está mais atrasados que os seus colegas."
- Mãe, o que o homem disse de mim?
- Disse que o meu filho está doente e logo vai se curar? Sua doença está na cabeça.
- Mãe, isso significa que vou morrer?
- Claro que não filho, você só vai precisar de ajuda para se curar.
- Depois que eu me curar vou poder ajudar o papai a podar as plantas?
- Vai sim. Agora fique quieto que já me fez muitas perguntas.
- Paulo, vamos para a casa. Vamos ver se encontramos algum outro especialista que talvez possa nos ajudar. A minha amiga Eudora entregou-me um cartão de um doutor, ela me disse que era um neurocientista bastante conhecido lá em São Paulo.
- A sua ideia é ótima mulher, só me conte com que dinheiro que vamos levar esse menino em outro médico lá em São Paulo?
- Calma homem! Podemos fazer isso daqui a alguns meses quando tivermos dinheiro suficiente para pagarmos a consulta.
"O menino apresenta sim dificuldades em aprendizagem em linguagens e humanas, apesar disso não devemos enxergá-lo por um único viés. Nos exames que fizemos ele apresenta um grau elevado para conhecimentos na área de exatas e ciências. Ao mesmo tempo em que ele tem muita dificuldade com as humanas, como ler, escrever e se expressar. Apresenta muita desenvoltura e habilidade acima da média em ciências e exatas, consegue fazer com facilidade complexas associações de números e distinguir elementos químicos raros dentre outros de nível de dificuldade elevado."
.- O que devemos fazer doutor?
Eu disse ao neurocientista, muito desconfiada e incrédula que o meu filho fosse uma criança que conhecesse tanto, talvez por eu ser de origem muito humilde e não ter estudado muito, venho de uma família muito pobre e mesmo com quarenta e poucos anos eu ainda não me via preparada para orientar o meu filho com as tantas dificuldades que ele apresentava. Meu esposo, o Paulo, era um homem simples também, trabalhava muito como jardineiro, enquanto eu cuidava do Benício e de casa. O doutor olhou para mim, um pouco incerto e disse:
- Eu aconselho a você e o seu esposo a procurarem um psicopedagogo para orientá-los com atividades para que possam estar desenvolvendo com o garoto para ele ir se avançando nessas áreas de maiores dificuldades aos poucos. É muito bom que vocês estejam procurando ajuda para o menino ainda na infância dele.
- Onde eu encontro essa pessoa que o senhor falou?
- Em Mogi das Cruzes deve ter alguma clínica especializada ou até mesmo na escola onde ele estuda deve ter algum trabalho nessa área.
- Tudo bem, doutor.
- Qualquer dúvida ou questionamento você pode ligar aqui para a clínica que irei as sanando.
Após eu voltar para Mogi das Cruzes juntamente com o meu filho, eu fui para a minha casa e contei tudo para o meu esposo. Depois de alguns meses começamos um trabalho com um psicopedagogo que vinha até a nossa casa uma vez na semana para acompanhar o Benício com algumas atividades.
- Benício, o que você mais gosta de fazer?
- Cuidar das plantas.
- Por que você gosta de fazer isso?
- Porque as plantas são muito bonitas, são verdes e elas possui um remédio que cura toda dor.
- Que remédio é esse?
- Eu não sei. Eu só sei que quando eu estou com dor o meu pai vai lá na horta e pega algumas plantas, faz um chá e eu fico bom.
- Qual é a disciplina que você mais gosta?
- Ciências
- O que você quer ser quando crescer?
- Botânico
- Nossa, que legal, onde você ouviu falar em Botânica?
- Na televisão. Eu assisti que tem homens que vive mexendo com as plantas. Eu quero ser um desses.
- Eu acredito que será. Você gosta de mim? Gosta dos momentos que passamos aprendendo?
- Eu gosto, você parece meu tio, só que você tem cabelo.
- Você me faz ri garoto. Eu sou o seu psicopedagogo, eu venho aqui te ajudar com as suas atividades e faço novas atividades com você. Quando você foi um botânico, você saberá se desenvolver e falar muito bem, além de cuidar das plantas.
- Eu gosto muito da sua visita.
Assim correu nos próximos dez anos seguintes, a gente sempre gastou boa parte do dinheiro que economizávamos para cuidar dele. Até que com dezenove anos o Benício estava cursando a faculdade de botânica. Não parecia em nada com o meu filho de nove anos, ele agora participava de estudos para a descoberta de novas plantas e pretendia se especializar em fitoterapia.
Um dia na Universidade ele conheceu uma moça que o chamou muita atenção, era uma moça desinibida, risonha, muito faceta, ela estudava geografia, se inscreveu para participar de um curso de extensão que era o mesmo que Benício.
- Qual é o seu nome moça?
- Kaira
- Que nome diferente, muito bonito como a dona.
- Sim. Esse era o nome da minha bisavó, meus pais quiseram fazer uma homenagem e tal.
- Gostei da explicação, será uma ótima professora. Você deve estudar licenciatura, eu tenho te observado e você me parece uma pessoa carismática e que gosta de conversar.
- Olha só, temos no Campus um James Bond. O que desejas James? O que descobristes sobre mim?
- Nada demais, apenas que é uma estudante de Geografia. Agora sei que será minha colega no curso de fitoterapia e será minha futura namorada.
- Nossa, pelo visto não sou eu desenvolta, você é muito astuto.
- Se tiver namorado desconsidere a minha oferta, se for solteira analise até mesmo os mais fundos detalhes.
- Obrigada por me fazer soltar um sorriso brejeiro. Para a sua informação eu era solteira até agora. Agora estou em um relacionamento sério contigo.
Assim começou a história do meu filho e minha nora, eles combinavam nas travessuras, risos e na paixão pelas plantas. Quando terminaram os cursos, especializaram-se em fitoterapia e após alguns o Benício descobriu uma planta que veio a ser a cura para um tipo raro de doença, batizou a planta por nome de Kaira em homenagem a ela. Foi premiado e reconhecido por suas contribuições na área de botânica.
Um dia encontrávamos muito contentes pela premiação do Benício, seu nome havia entrado para o livro dos recordes como o mais jovem botânico do mundo a descobrir mais de seiscentas espécies de plantas medicinais. Fomos para a nossa casa, eu e o Paulo estávamos sentados na cadeira de balanço um do lado do outro em nossa área. O Benício e a esposa estavam dentro de casa conversando e comendo os doces que eu havia feito para os receber.
Eu e o Paulo conversávamos sobre o filho que criamos e educamos, ficamos muito emocionados pela premiação dele naquele dia, pegamos na mão um do outro enquanto lembrávamos de tudo o que passamos e enfrentamos para que ele passasse por todas as dificuldades. Até o nossos nossos corações pararam. O meu foi primeiro, eu vi a minha vida indo-se com um sopro, como se nunca tivesse existido, e nada podia fazer apenas ir. O dele parou em seguida, ao me ver indo não aguentou tanta emoção, ele foi depressa, sem ao menos pensar em como seria ter ficado sem mim, e por um misero segundo ficou sem mim mas logo também foi, e como foi.
O nosso filho, o Benício de Carvalho fez o nosso enterro, já possuíra todos os atributos para continuar vencendo sem nós, sabia que nós o amamos com todo o amor do mundo, agora deveria retribuir esse amor ajudando a salvar o mundo, mesmo que não pode nos salvar. Ninguém podia nos salvar, era a nossa hora de partir.
"A genialidade parece estar ligada a loucura. Um gênio antes de ser considerado um gênio, passa como louco. Aos meus pais, que antes de me reconhecerem como um gênio, me reconheceram como um louco, mesmo no ápice da minha loucura não me trataram como tal. Ajudaram-me a superar essa vida sem receberem nada em troca. Eu sei que jamais amarei alguém como eu os amei, só não terei como retribuir esse amor, infelizmente o amor ficou e eles foram.
Aos meus mestres pais... Adeus
- Benício de Carvalho"
kaira
Reviewed by Donna Chieti
on
dezembro 30, 2019
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