Castelo de areia


Por esses meses estive me enganando. Pensei que era amizade, era sentimento. Talvez não paixão e nem amor mas um sentimento antecessor que estava esperando o momento de virar um dos dois. Ao invés, virou nada. Escapuliu, saltou para longe no dia em que descobri que um jogo masculino é sempre um jogo mesmo que pareça ser natural, no fundo é só um outro tipo de jogo. Esse jogou bem, esse brotou a mentalidade de pureza, amizade e honestidade. Quando no final esses eram o que faltaram. 
Chorei, por ter que derrubar novamente o meu castelo de areias, eu estive esses meses todos construindo, em cada detalhe nosso eu acrescentava alguma coisa nova para o castelo, estava dando certo, na minha cabeça tudo estava certo. Você seria o meu príncipe e eu já era a sua princesa. Estava certo o meu conto, tudo estava tomando rumo até que a minha racionalidade tomou posse de mim novamente, fiz a tarefa mais difícil naquela ocasião:  pensar.
Eu tive que destruir meu castelo com as mãos, jogar água, usar pá. Eu tive que acabar com tudo na mesma hora. O meu príncipe virou um sapo. De plebeia a princesa solitária, foi um final triste. 
Fui caminhando sozinha, sem castelo na areia, sem ninguém que me acompanhasse, fiquei desiludida de frente daquele imenso mar que só trazia a imensidão do meu vazio. Sem príncipe, sem castelo e sem luar, eu só tinha o mar. 

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