Don Juan moderno [pág 7] Capítulo 1 - Entrelaço
Aquele parecia o triunfo final entre a caça e o
caçador, parecia que tudo havia terminado e que era o fim da libélula e o
vencedor era o Don Juan, enquanto se regozijava olhando a sua rede com as suas borboletas
dentro e em especial com a mais linda libélula que há muito desejava,
distraiu-se quando o urso apareceu por trás do caçador produzindo aquele
tremendo som, o que fez com que ele se espantasse, caísse e soltasse a rede com
toda a sua coleção que imediatamente voaram, ele passou a mão na cintura e
percebeu que havia se esquecido das suas armas e de qualquer que pudesse usar
contra o urso, como tudo aconteceu inesperadamente o caçador foi pego desprevenido.
Foi-se as borboletas e a libélula.
As borboletas posaram nos ombros do urso e a
libélula na cabeça, em forma de agradecimento por ter salvo a vida delas e o
destino. O urso foi na direção do caçador para o atacar, este ao perceber o
tamanho gigante daquele levantou-se e pôs-se a correr sem destino floresta a
dentro.
Conseguiu chegar em sua casa na floresta, trancou a
porta e viu o seu coração quase sair pela boca, o caçador, que começou a tarde
como um vencedor acabou a noite como um perdedor. Trancado em sua casa,
respirando ofegante, tomou um copo de água, sentou-se na cadeira e ficou
pensando no susto que passou e na alegria que teve por poucos minutos ter a
libélula em sua rede. Quando lembrou-se do urso veio uma fúria dentro dele por
ter sido aquele maldito o empecilho de não ter a libélula para si. Para ele
aquilo não iria ficar assim, iria encontrar uma forma de tê-la e acharia uma
maneira de acabar com aquele urso para que ninguém pudesse o impedir em seus
planos.
Havia se esquecido que o urso era amigo da libélula
e que a protegia dos caçadores que rondavam pela floresta. Por medo dele, todos
os caçadores limitavam-se a não ficar andando por onde poderia encontrá-lo, até
mesmo as suas armas pareciam fracas diante da força daquele urso. Haviam histórias de que o urso já tragou uns
três em anos anteriores e aquilo o deixava aflito e perplexo ao mesmo tempo.
Enquanto o urso estivesse ali não poderia tocar na libélula.
Aliviou-se pela presença do urso, assentada na
cabeça dele, a libélula estava muito feliz por estar com aquele que dentre
todos na floresta era o seu melhor amigo, sentia-se segura e tranquila na
certeza de que nenhum caçador pudesse atingi-la enquanto estivesse com o seu
amigo por perto. Eram de espécies diferentes, tinham a bondade e a inteligência
em comum, o urso era forte e esperto, ela era pequena, frágil, inteligente e
linda. O urso havia prometido que a protegeria até quando existisse. Os dois
tinham um laço fraterno muito grande, entendiam-se apenas olhando-se, as vezes
ela o guiava onde existia frutas silvestres para o urso alimentar-se.
As borboletas que foram capturadas pela rede que
estavam livres encontraram os seus pares machos e estavam a se acasalarem.
Livres do caçador viviam com os seus, os que realmente eram a combinação certa
para cada uma delas. Dentro do peito de cada uma tinha uma enorme gratidão pelo
urso que as salvou. Sempre voavam ao redor do urso formando um círculo em volta
dele no ar, queriam demonstrar que reverenciavam a presença daquele que
ajudou-as.
Quando as borboletas necessitavam de sexo abriam as
suas asas para que os machos as notassem de forma rápida para se copularem,
quando queriam mantê-los afastados fechavam as suas asas para preservarem-se.
As fêmeas tem os seus momentos em que querem estar com algum macho e quando
querem permanecerem sozinhas.
A libélula permanecia com o urso, os dois estavam
atravessando várias partes da floresta após alimentarem-se, podiam ouvir os
pássaros, os barulhos de insetos voando e até passos de caçadores que estavam
por ali em busca de vítimas. Eram espertos e conheciam todos os caminhos que
existiam dentro da floresta. Além das emboscadas feitas pelos caçadores que
passavam dias em busca de caças.
Eles possuíam um
encanto que somente quem morava na floresta tinha, o urso e a libélula buscavam
juntos uma forma de descobrirem todos os mistérios por trás daquele lugar e
daqueles que habitavam na floresta. Quando podiam tentavam encaixar o
quebra-cabeça e encontrar o caminho que os levariam para longe, no entanto,
tinham poucas certezas e muitas dúvidas, o que os deixavam frustrados e entediados,
por não obterem as respostas que tanto queriam. A única certeza é que haviam
muitos segredos e talvez o caçador conhecia todos eles ou sabia quem conhecia.
Enquanto caminhavam
houve um momento em que o urso parou, abaixou-se e começou a cavar no chão com
as suas mãos, cavava profundamente, pegou um pedaço de pau que o ajudou a ir
mais rápido, até que no fim daquele buraco havia uma caixa média de madeira, o
urso pegou aquela caixa nas mãos, era uma caixa quadrada, que estava bastante
suja de terra, ele começou a limpar a volta dela até que foi capaz de abri-la.
Continue lendo a Próxima página
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOlá, prezada Donna Chieti,
ResponderExcluirEstive muito atarefado essa última semana e não pude ler seu blog, observei que houve uma intempérie na caçada do Dom.
É surpreendente imaginar, a primeiro momento, a hipótese que o Dom (um caçador experiente, calculista, e extremamente eficaz), fosse pego de forma tão inesperada, tão despreparado, tão indefeso...
Todo caçador, por mais aprendiz que seja, sabe que ao sair para a floresta durante sua caçada, deve saber que para uma caçada seja bem-sucedida tem como princípio básico, principal, o de não se tornar a caça de outro ser, mais do que isso, deve, o caçador, possuir mecanismo de “escape” em uma eventual saída de emergência. É cristalina, no caso do Dom, estes mecanismos já não são mais observados pelo caçador. A busca por essa bela libélula já havia se tornado pessoal, essa busca não era mais “hobby”, o caçador estava envolvido de forma emocional. Poderia, Dom, ter incorrido em falha? Nessa altura, não é possível desprezar a possibilidade de um caçador como o Dom, ter cometido um erro, afinal de contas ele estava envolvido emocionalmente naquela busca, a cada dia que passava o caçador estava mais e mais atraído pelas múltiplas formas de beleza daquela libélula, ela é incrível, ela sabe disso, por mais que a percepção dela dê sinais ao seu sistema defensivo de que essas palavras são para lhe causar “destruição”, esses sinais são enganosos, pois o Dom já teve várias oportunidades de lhe “destruir” e nada ele fez, a não ser admira-la. Apesar de tudo, é compreensível a libélula ter esse sistema defensivo extremamente sensível, entretanto, seu sistema não consegue reconhecer de maneira eficiente o Dom Juan moderno. Em que pese o Dom Juan possua diversas habilidades e sabe envolver uma mulher exigente, não pode se culpar por sentir atraído por aquele ser. Assim, após fazer uma reflexão, deixa de ser uma surpresa o fato do caçador ter cometido uma falha - o envolvimento emocional nesta busca fez com que Dom negligenciasse os princípios básicos de uma caçada, ouso dizer que o Dom substituiu a caça pela busca - a pergunta que deve ser feita: busca pelo que?
Nobre Senhor.
Caro Nobre Senhor,
ExcluirSinto-me honrada por ter um leitor que em meio a tantas ocupações encontra tempo para ler o que eu escrevo, quero agradecer-lhe por tal feito. Quanto ao personagem Don Juan, ao primeiro momento pode parecer furo literário ele ser pego tão desprevenido nessas alturas, porém se observarmos intrinsecamente o desenrolar da trama, vemos que a situação era propicia para que isso ocorresse. 1 - O Don estava distraído e descansando, não esperava encontrar a libélula tão próxima naquela ocasião, o que o fez despertar rapidamente e ter que sair para a captura sem dar-se conta de que deveria ter levado algo que pudesse o prevenir de alguma surpresa inesperada.
2 - Ele estava envolvido na sua obsessão de obter aquela libélula que sua visão chega a se cegar em certos momentos, tanto que acabou perdendo não só a libélula como as outras borboletas que prendera na rede. O susto do urso o deixou em muitas reações, fazendo com que sua alternativa mais viável fosse correr.
3 - Eu ainda não tenho a resposta exata para essa pergunta, visto que a história ainda está sendo desenvolvida, mas eu arrisco a dizer que a busca do Don é um desejo de posse daquela libélula.