A rainha de Gaza

Não existiam palavras para descrever a beleza dela, realmente não podiam compará-la com nenhuma outra que houvesse naquele Reino, a sua grandeza estava em sua rara e quase imperceptível aparição e seus gestos peculiares. Ah, meu caro, nem sempre pode-se perceber que ter muitas parecidas não significa que todas são iguais. Ela não era igual apesar de ter muitas parecidas. Era a minha mais bela dentre todas as que existiam ali. 
Seus cabelos era pretos e tão tingidos que brilhavam a longas distâncias, sua pele negra e seus lábios eram grossos e seu nariz também. Havia nela um poder que magnetizava todas as pessoas a sua volta, todos gostavam dela, até mesmo aqueles que tentavam disfarçar a amavam de tal forma que queriam ser ela ou estar com ela.
No dia em que eu a vi naquele pedestal do Castelo, meus olhos resplandeceram diante da beleza e do poder que ela era. Seus longos vestidos azuis e sua posição de força me encarando sem nenhum temor, eu a vi como nunca a tinha visto antes. Todos os súditos obedeciam-na e a viam como rara, todas as suas servas, estavam prontas a servirem a tudo o que ela precisava.O nome dela era Nzinga, seus pais colocaram este nome em homenagem a rainha da Angola chamada de Nzinga Mbande que governou o País e viveu entre 1582-1663. Seus pais queriam que ela tivesse a força e fosse tão esperta e negociadora como a rainha Nzinga havia sido. E ela foi.
Eu era apenas um servo, um subempregado dentro do reino, eu rodeava o castelo todos os dias para tentar descobrir se não havia algum inimigo querendo entrar camufladamente dentro do reino onde habitava vossa majestade. Eu era um homem branco, cabelos loiros, olhos castanhos entretanto não possuíra nenhum talento a mais do que guardião do Castelo. Havia tentado participar do exército e me tornar além do que isso, não obtive êxito. Eu não era do País africano, eu havia sido trazido por meus pais adotivos, eu vim de Portugal.
Todos os dias ela sentava na escadaria do Castelo e olhava as servas trabalhando aos arredores, ela não emitia muitos movimentos faciais que identificassem se estava satisfeita ou não com os seus servos. Ela era muito vaidosa e gostava de utilizar os melhores tecidos em suas roupas que eram sempre de cores vivas. Quando se sentia entendiada passava o dia cantando ou deitava-se na cama enquanto algumas servas abanavam-na e sua serva predileta sempre a contava alguma história até adormecer.

CONTINUAÇÃO EM BREVE...

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